Rabino no Vaticano


RABINO NO VATICANO


O Papa recebe o rabino Cohen,

e o polêmico Pio XII

Yishuv Cohen, que é o
rabino principal de Haifa, expressou a sua oposição à
beatificação do Papa da era do Holocausto – Pio XII,
durante um discurso ante o Sínodo dos Bispos no Vaticano. Nesta
primeira vez em que houve a presença de um judeu diante do supremo
corpo representativo da Igreja católica, Cohen, que foi convidado
para falar sobre a importância da Torah para os judeus, expressou o
seu desapontamento em relação a Pius. "Achamos que o finado
Papa [Pio] deveria ter se expressado muito mais fortemente do que fez
[contra o Holocausto]" Cohen afirmou aos repórteres antes da sua
apresentação no Vaticano.

"Ele pode ter ajudado em segredo muitas
das vítimas e muitos dos refugiados, mas a pergunta é se ele
poderia ter levantado a sua voz e se isso teria ajudado ou não?
"Nós, como vítimas, sentimos [que a resposta é] sim,
[e] eu não estou autorizado pelas famílias dos
milhões de mortos para dizer que esquecemos, que perdoamos" disse
Cohen, que é membro da Comissão do Rabinato Principal para
as Relações com o Vaticano. No mês passado, o Papa
Benedito defendeu Pio, dizendo que ele "não poupou nenhum
esforço" em relação aos judeus. Os comentários
do Benedict estimularam especulações de que Pio seria
nominado santo quando o Vaticano celebrar o 50º aniversário da sua
morte. Havia até boatos de que o convite sem precedentes para Cohen
discursar no Sínodo tinha o propósito de equilibrar a
esperada oposição judaica em relação à
decisão de beatificar Pio. O rabino David Rosen, que é o
Diretor Internacional dos Assuntos Inter-religiosos do Comitê
Judaico Americano, disse que o foco principal do Sínodo era
formular a posição da Igreja de como apresentar o Velho
Testamento aos católicos. "A posição teológica
da Igreja católica em relação às pessoas judias
é uma tarefa que ainda está em andamento", disse Rosen.
"Presentemente existem diferentes pontos de vista dentro da Igreja em
relação às pessoas judias. Existem aqueles que dizem
que os católicos deveriam rezar, e talvez trabalhar, para uma
eventual conversão dos judeus como uma condição para
a salvação deles. "Outros argumentam que os judeus,
diferentemente de outras religiões, têm uma
posição única. Dizem que a Igreja necessita afirmar a
integridade das pessoas judias como um veículo para o plano de Deus
para a redenção da Humanidade e [que] os judeus tem uma
vitalidade continuada e um propósito nos desígnios de Deus.
"Se esta aproximação mais favorável for adotada pela
Igreja poderia ter um impacto tremendo nos ensinamentos da
Igreja. Fonte: Rua Judaica – Edição 90