A Religião da Bíblia

            Nos Estados Unidos um humorista perguntou a sua platéia se alguém conhecia um dos Dez Mandamentos. Em meio a multidão alguém gritou: “Deus ajuda aqueles que se ajudam a si mesmos”, e foi uma gargalhada só. Embora os americanos opinassem em uma pesquisa crer nos Dez Mandamentos, poucos conseguiram citar quatro deles, e muitos identificaram a Joana d’Arc como a mulher de Noé.

            Se fizéssemos uma pesquisa no Brasil sobre o conhecimento bíblico quais seriam as respostas? Quanto, o maior país católico do mundo com um número de evangélicos crescente conhece da Bíblia?

            Vivemos em uma crise de conhecimento bíblico, e está série de estudos bíblicos pretende preencher essa lacuna, e agora chegou a sua vez de conhecer. Bem-vindo, a aventura está só começando!

            Ao contrário do que muitos imaginam a religião bíblica fundamenta-se em fatos históricos que não são contrários à razão, porém, alguns protestam:

– Vocês crentes na Bíblia, são fanáticos e tem uma fé cega em um livro desatualizado cheio de crendices para pessoas fracas.

            Tais pessoas simplesmente descartam a Bíblia à primeira vista, porém, não se inibem em assistir séries e filmes aonde aceitam passivamente a “violência como entretenimento”, aonde os enredos estão cheios de mitos, histórias macabras e sexo fútil.

            É verdade que a Bíblia é um livro que traz, às vezes, certo desconforto. Porém, podemos não a levar a sério e a tornamos confortável para nós quando paramos de fazer perguntas ou não damos atenção aos seus questionamentos. Uma pessoa ao se tornar cristã não comete suicídio intelectual! A fé vai além da razão, mas não contra a razão.

PRECONCEITO CONTRA A BÍBLIA

            Para muitas pessoas, hoje em dia, o estudo da revelação bíblica carrega consigo pressupostos que atrapalham o conhecimento que Deus pretende transmitir. Pensamentos de que Deus não exista ou que Ele não passa de uma força ou energia que permeia o Universo ou ainda que Ele está além da compreensão, faz, em especial nesse último caso que a pessoa não negue e nem afirme a Sua existência.

            Posições intelectuais desta natureza fazem com que se creia que os humanos vivam em um sistema fechado aonde não exista nada de sobrenatural, assim, não é possível conhecer sem disposição para aceitar e, mesmo assim, esperar descobrir a Verdade. No entanto, o propósito dos escritores bíblicos não foi narrar uma história de noções pré-concebidas ao seu próprio gosto, mas, reconstruí-la a partir das melhores provas e deixar que ela fale por si mesma, é um testemunho.

                Pense nos relatos e experiências a se conhecer de Davi, Ester, Daniel, João, Paulo, Isaías, Adão, Rute, Maria, Judas etc., e principalmente a de Jesus de Nazaré. Cada vida teve sua experiência muito diferente uma da outra, e quando conhecemos suas histórias podemos entrar e aprender com seus encontros e desencontros com o Pai. Não há formulas gerais, o encontro com Deus é algo pessoal, podemos nos inspirar com as dos outros, mas, precisamos ter a nossa própria história com Ele.

RESPONDA RÁPIDO: COMO É DEUS?

            Li em um livro que essa pergunta foi feita por uma menina pequena que veio correndo ao encontro do irmãozinho que acabava de chegar ao apartamento da maternidade. Ela imaginava que o bebezinho havia chegado do Céu e tivesse informações privilegiadas, no entanto, o menino só balbuciou.

            A Bíblia oferece uma resposta à pergunta da menininha e comunica o quanto Ele se esforça em comunicar algo satisfatório. Sem a Palavra ficamos com um conceito despersonalizado de Deus, só uma energia  ou força impessoal que não tem nada a dizer, fica filosoficamente abstrato e intangível, sem um retrato fiel. Já com a Palavra, Deus Se manifesta como Alguém que age na História, que tem ideias, planos, sentimentos e emoções.

            Somos também informados que o ser humano está bugado, com defeito, apresentamos um erro no funcionamento do nosso software”.A lógica de nossa mente apresenta alguma falha no programa, que como resultado apresenta complicações inesperadas e indesejadas. e é incapaz de relacionar-se com Ele, a menos que Ele tome a iniciativa.

O escritor Philip Yancey escreveu:

– “Não ouso falar de Deus sem ouvir o que Ele está dizendo de Si mesmo. ”

 

            A Bíblia nos ajuda a escutar o que Ele tem a dizer, faríamos bem em prestar atenção!

          Vivemos em um mundo secularizado e industrializado aonde as distâncias diminuíram a um click de teclado ou a um comando de voz no Smartphone e podemos passar um bom tempo sem nos deparar com a ideia de que Deus exista.

          De maneira geral os filmes e novelas ou ignoram a crença em Deus, ou ridicularizam e caricaturam a Sua imagem apresentando os que creem nEle como homens e mulheres no mínimo estranhos e atrasados. Mas, não precisa ser assim.

AS FONTES PRIMÁRIAS

          Os escritores bíblicos escreveram na qualidade de testemunhas dos eventos que relataram, ou registraram em primeira mão os acontecimentos conforme relatados por testemunhas oculares, ou ainda foram movidos sobrenaturalmente:

          “O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha língua”.

Davi, II Sam. 23:2.

 “O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma palavra o que está cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo. ” Isaías 50:4.

“Porque não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois fomos testemunhas oculares da sua majestade. …”

2 Pedro 1:16-19.

 “Tendo em vista que muitos já se empenharam em elaborar uma narrativa histórica sobre os eventos que se cumpriram entre nós, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares dos fatos e servos dedicados à Palavra, eu, pessoalmente, investiguei tudo em minúcias, a partir da origem e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo. E isso, para que tenhas plena certeza das verdades que a ti foram ministradas. ” Lucas 1:1-4.

              Esses acontecimentos estão conectados diretamente a manifestação de Deus através de sonhos, visões, impressões e audições proféticas ou na experiência que tiveram com Jesus de Nazaré dentro do tempo e do espaço, no aqui e agora que viveram.

O TESTEMUNHO DE GRANDES HOMENS

 

 “Ó Deus, estou pensando em Teus pensamentos depois de Ti. ” Johannes, Kepler, Astronomia

“Quanto mais eu estudo a natureza, mais fico impressionado com o trabalho do Criador. ”  Louis Pasteur, Medicina.

“Quando, com telescópios arrojados, examino as estrelas e os planetas, antigos e recém-descobertos, quando, com excelentes microscópios, percebo a inestimável sutileza do curioso acabamento da natureza; e quando, em uma palavra, com a ajuda de facas anatômicas e a luz de fornos químicos, eu estudo o livro da natureza, muitas vezes me vejo reduzido a exclamar com o salmista: Quão múltiplas são as tuas obras, ó Senhor! Em sabedoria as fizeste todas! ”  Robert Boyle, Química

“As provas em favor da existência de Deus e do Seu poder são mais do que suficientes, mas aqueles que insistem em não ter qualquer necessidade dEle nem de prova, sempre encontrarão maneiras de desconsiderar a proposta. ” Pascal, Filosofia.

O QUE A BÍBLIA TEM A DIZER?

            O ditado popular diz, “Mostra-me com quem andas e te direi quem tu és”. A Bíblia relata a vida de homens e mulheres que andaram com Deus e é através da ação e da reação dEle e deles, que nem sempre foram bem-sucedidas, que podemos aprender quem Deus é, por isso que a Bíblia tem muitas histórias!       Agora, por que um livro? Já parou para pensar porque Deus escolheu um livro para Se revelar? Se Ele quisesse impressionar e forçar um relacionamento com os humanos Ele só precisaria aparecer de forma concreta e Se impor pela força. No entanto Ele escolheu o caminho de Sua graça, esperando uma resposta de fé e amor voluntários, não por força ou violência. Há um propósito histórico e coletivo.

            O contato com Deus é algo muito pessoal o que leva a alguns a estarem mais próximos e outros não. Sua intenção é partilhar aquilo que Ele revela de Si mesmo, junto com os acertos, erros e reações dos homens. Há um propósito pessoal e individual.

            Em terceiro, os livros desde a antiguidade guardam o conhecimento adquirido pelo homem e nada mais natural do que um livro conter o conhecimento que Deus transmitiu. Há o propósito de ser um testemunho a humanidade.

A SINGULARIDADE DA BÍBLIA

            Seria a Bíblia única? Não seria apenas mais um livro religioso?

            Para ser escrita demorou 40 gerações, por cerca de 40 autores em 1.600 anos aproximadamente. Seus autores estavam envolvidos nas mais diferentes atividades, em diferentes lugares, escrito em diferentes condições, sob diferentes circunstâncias em três continentes e três línguas, Hebraico, o Aramaico e o Grego. Assim, a hermenêutica bíblica nos ensina que a Bíblia precisa ser lida levando em conta o seu contexto histórico local, e em função de sua totalidade, dentro do contexto geral das Escrituras.

            A divisão em capítulos e versículos foi feita para facilitar a leitura e citação dos textos. Stephen Langton, professor da Universidade de Paris dividiu em capítulos em 1227 A.D. e Robert Stephanus, gráfico parisiense acrescentou os versículos entre 1551 e 1555 A.D. A Bíblia inclui histórias, leis civis, criminais e religiosas, rituais, poesia e textos de sabedoria prática, contêm alegorias, tipos e antítipos, biografias, parábolas e correspondências, além de literatura profética e apocalíptica. Contém expressões de ira, assim, como de amor, surge severamente e é abrandada pela bondade. Contém personagens vitoriosos e outros que sofreram tremendas derrotas pessoais, assim, como cita nações, impérios e tribos do berço da civilização humana e aponta para o futuro de harmonia e paz duradouro. A Bíblia completa, Novos Testamentos e porções, já estão disponíveis em línguas faladas por 90% da população mundial e deve aumentar, chegando até 98% em 2035.

O TESTE BIBLIOGRÁFICO

            Uma vez que não temos os originais da Bíblia, qual a credibilidade das cópias que temos em relação ao intervalo de tempo transcorrido entre eles? Atualmente sabe-se da existência de mais de 5.300 manuscritos gregos do Novo Testamento. Acrescente-se a esse número mais de 10.000 manuscritos da Vulgata Latina e, pelo menos, 9.300 de outras antigas versões, e teremos hoje mais de 24.000 cópias de porções do Novo Testamento.

            Esse número é surpreendentemente maior do que qualquer outra literatura da antiguidade e foi escrito numa data muito mais próxima da composição do texto original do que tal literatura, trazendo credibilidade ao texto do Novo Testamento devido a essa riqueza de confirmação textual. As variantes textuais que existem não alteram nem um só artigo de fé ou um princípio ético que não seja abundantemente sustentando por outras passagens, das quais não há dúvidas, ou pelo contexto geral das Escrituras.

             Mesmo que alguém escolha a variante mais estranha que achar, a pior que puder, não descobrirá “um só artigo de fé ou preceito moral deturpado ou perdido”. Agora, somaremos à prova bibliográfica da Bíblia as citações dos teólogos dos primeiros séculos do Cristianismo, a patrística, isto é, se houve adulteração no meio do caminho elas devem constar ou nas cópias ou em suas citações. Vejamos: Justino Mártir fez 330 citações do Novo Testamento, Irineu fez 1819, Clemente de Alexandria fez 2.406, Orígenes fez 17.922, Tertuliano 7.258, Hipólito 1.378 e Eusébio fez 5.176 citações, totalizando 36.289 citações do Novo Testamento.

              Qual conclusão que podemos chegar?  Todo o Novo Testamento como o conhecemos hoje poderia ser reconstruído com pouquíssimas ausências somente utilizando as citações dos pais da igreja cristã.

               E quanto a Bíblia Hebraica ou Velho Testamento? Embora não exista abundância de manuscritos copiados em data próxima à composição original, as descobertas dos Manuscritos do Mar Morto trouxeram a luz manuscritos anteriores à época de Cristo e some-se a esse fato o conjunto que os copistas judeus, os massoretas (hebr. Massorat, tradição), fizeram das Escrituras durante séculos.

                Eles elaboraram um complexo sistema de salvaguardas contra erros de cópia. Por exemplo, eles contavam o número de vezes que cada letra do alfabeto aparecia em cada livro; eles assinalavam a letra que ficava exatamente no meio dos cinco primeiros livros, o Pentateuco e a que ficava exatamente no meio da Bíblia Hebraica toda, contaram o número dos versículos, das palavras e das letras de cada livro, embora possa parecer excesso de zelo, acabou por nos garantir uma fiel transmissão do texto bíblico.

Você “pode apanhar a Bíblia toda na mão e dizer, sem receio ou hesitação, que está segurando a verdadeira Palavra de Deus, transmitida de geração em geração, através dos séculos, sem nenhuma perda expressiva.” 

 Sir Frederic Kenyon paleógrafo britânico.

Wladimir

twiter: Wladi7Teologia7